quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vá em paz Ticinha...

Boa noite.

As vezes eu acho que você está cansado de saber sobre os meus lamentos, mas muitas vezes é inevitável não escrever sobre eles quando os mesmos acabam pesando demais sobre meus ombros. É um modo de eu conseguir por pra fora as emoções que estão presas dentro de mim. Gostaria mesmo de escrever coisas mais felizes, mas com o acontecimento de hoje, fica realmente difícil. Espero que me perdoe.

Hoje, caro blog, mais uma vez é um dia triste. Não sei direito como começar o texto, mas sei do sentimento que já está dominando meus pensamentos e meu coração.

SAUDADES!

A foto que eu posto é de um animal de estimação muito especial. Uma gatinha que sempre trouxe muita felicidade para nossa casa. Um membro da família que viveu 11 anos ao nosso lado e lutou bravamente contra tudo até o dia de hoje, dia em que tomamos a decisão de sacrifica-la.

Bom, acho que o modo mais fácil é começar do início...

A Ticinha nasceu aqui em casa mesmo, caçula de uma ninhada de 4 gatinhos. Nós éramos donos da mãe dela. Lembro que quando ela era filhotinha, adorava escalar nossas calças até chegar no nosso colo pra dormir. Uma verdadeira pestinha, já que deixava nossas pernas cheias de arranhões.

Uma vez, no entanto, quando ainda era filhote, ela desapareceu. Ficou alguns dias fora, e o guardinha da região a achou 3 ruas abaixo da nossa casa. Um verdadeiro milagre. A partir daí, começamos a prestar mais atenção em suas traquinagens.

Poderia citar diversas situações engraçadas que passei com ela. Em uma delas, eu deveria ter uns 13-14 anos e fomos levar ela pra vacinar, e eu, dando uma de machão, disse que segurava ela numa boa. Resultado: quando aplicaram a vacina, ela me mordeu, eu a soltei e ela saiu correndo. Fiquei com a maior cara de bunda da minha vida, e minha mãe, claro, possessa comigo.

Antes mesmo desse último caso grave que ela teve, aconteceu uma situação que ficou bem registrada em nossa vida, que foi quando ela simplesmente não conseguia mais andar, e ninguém sabia o porque. Levamos em diversos veterinários e fizemos diversos tratamentos. Muitos inclusive, disseram que ela teria que ser sacrificada, mas a gente não desistiu. Foi a primeira vez que levamos ela na USP, no Hovet. Lá então, descobriram que como a alimentação dela era a base de carne, seus ossos acabaram atrofiando por falta de cálcio. O tratamento foi simples: ração a base de cálcio e gotas de cálcio no leite. Cerca de 1 mês e meio depois, a Ticinha começou a andar novamente. No começo ela cambaleava, parecia bêbada, mas com o passar dos dias, foi voltando a ter força e sustentação nas pernas para se manter em pé. Foi uma das grandes vitória que ela teve na vida, e foi daí que vimos realmente que nossa gatinha era acima de tudo uma guerreira.

Com o tempo, a Ticinha ficou como o único animal da casa, já que o Pipoca morreu no ano passado (tem uma postagem falando sobre isso) e antes disso, o cachorro do vizinho assassinou sua mãe. Assassinou mesmo, porque era um Rottweiler, e que meu vizinho treinou direitinho para matar qualquer coisa, seja humana ou animal. O que aconteceu, foi que a mãe da Ticinha em uma bela noite estava no muro que dividia as casas, e por algum motivo, acabou caindo no quintal do meu vizinho. O resultado não foi dos mais agradáveis. Ele abriu a barriga da minha ex-gata com mordidas e patadas.


Trazendo a história para a atualidade, foi nesse ano que começou o sofrimento mais pesado de sua vida, e que acabou passando para todas as pessoas da nossa casa.

Um dia, eu estranhei que ela ficava apenas com a língua de fora e babava, mas babava muito, principalmente quando dormia, mas a gente em casa sempre tirou sarro de tudo, então apenas dizíamos que era um gatinho babão.

Com o passar do tempo, começou a descer sangue junto da baba. Foi então que percebemos que nossa gatinha não estava bem. Levamos ela para um clínico geral, o doutor Leandro, e ele disse que no início era apenas um problema dental, que se tirássemos os dentes podres dela, ela voltaria a ficar bem.

Foi o que fizemos.

Notamos uma breve melhora de início, mas vimos que o inchaço não reduziu em nada. Angustiados, levamos novamente ela para o doutor Leandro. Ao fazer uma exame de maneira mais profunda de uma ferida que apareceu na parte superior da boca, ele achou que infelizmente era algo um pouco mais grave, deu diversas hipóteses sobre o que poderia ser, e por fim, resolveu espremer a ferida, para talvez sair um pouco de sujeira de lá.

Não culpo o doutor Leandro por isso, mas foi um erro. O inchaço piorou, e o sangue descia com maior frequência em sua saliva. Foi então que ele achou que aquilo poderia ser câncer, e nos alertou que era muito difícil o tratamento.

Não desistimos de querer salvar a Ticinha de qualquer mal que ela poderia ter. Então, um dia, eu e minha tia fomos até o Hovet (Hospital Veterinário da USP), para que se realmente fosse diagnosticado o câncer, ela pudesse fazer o tratamento com pessoas que já salvaram a vida dela uma vez, e que não desistiram disso até o último momento.

Chegando lá, a veterinária observou e confirmou as nossas espectativas, que ela realmente estava com câncer, e que infelizmente, estava em um estágio muito avançado. Pra piorar, só conseguiríamos fazer uma cirurgia em outubro (estavamos em junho ou julho, se não me engano), e o caso dela era urgente.

A médica então passou o telefone de um veterinário que trabalhou muito tempo na USP. Ligamos para o doutor León, e ele pediu para que a gente levasse a Ticinha no mesmo dia para ele pudesse examiná-la.

O consultório dele fica perto daqui de casa. Voltamos da USP, almoçamos, e depois fomos até o encontro do novo veterinário. Ele só de olhar, disse que estava em um estágio bem avançado, e complementou falando que tinhamos duas opções: ou operar, ou saber que ela não iria sobreviver por muito tempo.

O doutor León foi realmente muito atencioso conosco. Você consegue perceber em seus olhos e em suas atitudes que é uma pessoa que ama os animais e estava realmente preocupado com o estado da Ticinha. Ele foi muito sincero dizendo que mesmo que a cirurgia fosse feita, não era garantia de cura, já que o câncer se espalha com facilidade, e, no estado em que estava, a área de segurança não existia mais, mas que caso a genética dela favorecesse, poderia durar um certo tempo até o câncer voltar a se manifestar.

Promessas foram feitas. Minha tia pra variar um pouco, falou que conversou com Deus e prometeu parar de fumar caso a gatinha se curasse. Bom, não gosto de prometer uma coisa relacionada aos outros, ainda mais quando na verdade, é um bem que você estará fazendo apenas a si mesmo. No final, minha tia não parou de fumar. Para quem acredita em castigo divino, talvez esse tenha sido um. Continuando...

Resolvemos arriscar mesmo assim. Fizemos todos os exames necessários e então a cirurgia foi realizada. No final, ela ficou com o rostinho um pouco deformado na parte superior direita da boca. Eu falava brincando inclusive que ela era o gatinho Stallone por causa da boca torta, rs.

A Ticinha ficou 15 dias sendo alimentada por uma sonda, mas era notório que ela estava melhor. Ela se sentia mais animada, mais disposta, realmente parecia curada de tudo. Nem parecia aquele gatinho cabisbaixo que a gente via todos os dias aqui em casa, sofrendo e com muita dor por causa do inchaço.

Mas após 1 mês, o medo que as pessoas daqui de casa sentiam, virou realidade. O rostinho do lado esquerdo começou a inflamar, e as esperanças que ela teria uma boa qualidade de vida foram desaparecendo.

Levamos ao doutor León no retorno. Ele examinou e tentou passar um conforto para nós, mas não sei, no fundo eu sabia que o câncer estava se desenvolvendo novamente.

Foi passado então um antibiótico para ela, para ver se conseguia regredir o inchaço. Nada feito. A inflamação apenas aumentava e começou a interferir nas suas vias respiratórias. A Ticinha começou a ter dificuldades pra respirar, e a baba começava a descer novamente...

Nessa hora, passaram inúmeras coisas na minha cabeça. Eu tentei achar um culpado pra tudo. O doutor Leandro por ter agredido o câncer e piorado a situação, a Dodô por fazer uma promessa e não cumprir, mas no fundo, não havia culpados, e eu sabia que estávamos sendo derrotados, e que essa era uma guerra que não poderíamos vencer, nem a Ticinha.

Levamos ao doutor León novamente. Ele deu uma analisada, disse que realmente era o câncer se manifestando e foi sincero ao dar sua opinião, dizendo se valeria a pena fazer a Ticinha passar por aquele sofrimento todo que ela sentiu na primeira cirurgia, e complementou dizendo para que nós tratássemos ela da melhor maneira possível.

Na hora realmente pensamos que não valeria a pena. Que se a gente operasse ela desse câncer, outros poderiam vir. Minha gata não merecia sofrer mais do que ela estava sofrendo. Voltamos para casa cabisbaixos, sabendo que ela nos deixaria em breve.

Nessa última semana a situação piorou muito. Ela tinha extrema dificuldade em respirar, sua língua não parava mais dentro da boca. Não conseguia dormir e nem se alimentar direito. Era de partir o coração ver a minha gata naquele estado. Ela lutava, lutava muito contra o câncer, mas não conseguia vencê-lo.

Levamos ela ao doutor Leandro nesse final de semana. Após um breve exame, ele achou que a dificuldade dela em respirar poderia ser uma gripe forte, dando início à uma pneumonia. Passou então um tratamento com antibiótico e antiinflamatório, e que após a cura, poderíamos até fazer uma quimioterapia nela para ir combatendo o câncer. Eu inclusive, que nunca cuidei muito dela, comecei a ajudar a limpar a sujeira do nariz e a dar injeção.

Um fio de esperança reinou na casa de novo, mas por pouco tempo. Mesmo com os remédios, a Ticinha apenas piorava. Ela sofria muito, e eu particularmente ficava arrasado ao ver ela naquele estado de saúde tão frágil.

Por diversas vezes quase chorei. Fui muito forte em segurar as lágrimas na minha última sessão de terapia. Eu apenas me lembrava de como ela respirava com dificuldade, como se sentia cansada, como ela não conseguia mais comer. Que tipo de vida era essa?

Foi então que chegou hoje (no caso ontem, já que a postagem está sendo feita na quarta feira de madrugada), levamos a Ticinha novamente ao doutor Leandro e ele disse que não tinha mais esperanças quanto à ela. Falou que não sabia mais o que ela tinha e então, pediu um raio-x. Foi constatado que ela estava com metástase no pulmão.

A decisão então que queríamos evitar a qualquer custo teve de ser tomada. Ficou decidido que não queríamos mais ver a Ticinha sofrendo desse jeito. Foi difícil, mas decidimos sacrificá-la.

Na tarde de hoje, antes de ir para a faculdade, eu me despedi dela. Disse que era a melhor gatinha que poderia ter vivido dentro da nossa casa, que eu a amava muito, e pedi perdão. Perdão pelas vezes que a maltratei, perdão por ter deixado ela sofrer e não poder fazer nada contra isso, perdão se algum momento eu fiz ela se sentir sozinha. Disse também para perdoar a nossa decisão e interromper a luta dela contra essa doença maldita, pois eu sabia do esforço que ela fazia para permanecer ao nosso lado, e que nós iríamos jogar em vão toda a luta que ela travou durante esses últimos 5 meses.

Fui pra faculdade arrasado. Me controlei muito para não chorar na van e para principalmente não deixar que esse fato atrapalhasse o desempenho da minha apresentação hoje na faculdade, já que eu tinha um seminário. Porém, não havia como não pensar nisso.

Inicialmente, estava marcado o sacrifício para as 7 horas com o doutor Leandro, mas ele, por motivos religiosos, se recusou a fazer isso. Então minha mãe e minha tia a levaram ao doutor León para que ele fizesse o "trabalho sujo".

Liguei para a minha mãe umas 8 e meia, já esperando a notícia. Para a minha surpresa, ele estava operando um cachorro. A eutanásia iria acontecer após as 10 horas.

No resto da noite eu tentei viver minha vida de maneira comum. Após o término da aula, fiquei esperando a van e os pensamentos sobre ela voltaram a aparecer. Era uma sensação horrível.

Ao chegar em casa, a Isabel já havia feito uma cova em nosso jardim. Eu sabia que não havia mais volta, mas de certa maneira, sabia também que era o melhor para ela.

Entrei em casa, jantei, e logo após eu vim para o computador. Tentei me distrair de todas as maneiras possíveis, mas não conseguia. Pouco tempo depois, eu ouvi o barulho do carro da minha mãe. Elas haviam chegado, e tudo estava terminado.

Quando desci, vi minha mãe e minha tia com os olhos inchados. Fui para a sala, e então eu a vi. Me aproximei de seu corpo, comecei a fazer carinho em sua cabeça, e notei que seus olhos estavam um pouco abertos. Parecia que ela estava simplesmente descansando ou dormindo. Seu corpo ainda estava quente. Sua língua estava pra fora. Tudo parecia tão normal, e ela parecia estar conosco ainda, viva.

Chamei seu nome, fiz carinho novamente, eu esperava uma reação, um miado, qualquer coisa. A reação não veio. Ticinha estava morta. Eu olhava para seus olhos, que mesmo com as pupilas dilatadas, pareciam transmitir vida. Mesmo em sua morte, ela parecia lutar para estar conosco.

Minha tia então me contou que foi muito difícil aplicar a injeção nela. Ela brigou muito para fazer a raspagem dos pelos da sua pata. Parecia que sabia o que estava acontecendo. Não queria morrer. Tentou morder o doutor León e lutou da maneira que ela conseguia contra isso, mas no final, acabou sendo anestesiada. A partir daí, nada mais poderia fazer. Seu corpo não respondia aos seus pensamentos. Estava deitada, imponente, esperando a morte.

O doutor León então encaixou a seringa em sua veia, falou para minha mãe e para a minha tia dar a autorização quando fosse o momento certo. Após o aval, o líquido foi injetado em seu corpo. Pouco tempo depois, seu coração parou e ela não apresentava mais sinais vitais.

Após um breve "velório" dentro de casa, levamos seu corpo até a vala. Enterramos ela enrolada em seus 2 paninhos favoritos: um edredon e uma toalha, ambos velhos. No momento do enterro, permaneci firme, segurando o choro, e fui consolar minha tia e minha mãe, que estavam realmente abaladas com tudo aquilo. Tentei parecer calmo e racional pois eu acho que chorar naquele momento não adiantaria nada. Consegui, apesar de estar me corroendo por dentro.

Voltamos para casa. Foi muito estranho olhar e não ver o edredon no sofá. Também foi estranho não ver mais seus potinhos de comida e água na cozinha.

Vim ao computador para começar a postagem, mas minha mãe pediu a minha companhia para levar a Dodô e a Isabel para a casa delas. Eu então, as acompanhei.

Na volta, limpei o xixi que estava no carro, pois após a injeção, sua bexiga soltou, e na volta para casa, acabou molhando o banco do passageiro. Dei mais um apoio para minha mãe e voltei ao computador, onde agora me encontro relatando o que aconteceu.

No meio desse texto eu não resisti e chorei. Foi muito difícil segurar todo aquele choro nos momentos que eu estive com a minha mãe e minha tia, e agora sinto uma sensação de alívio em poder colocar pra fora aquela tristeza que me consumia. No momento, sei que a tristeza é maior do que qualquer coisa, mas no fundo, sei que foi o certo a se fazer.

O que eu tiro disso tudo é a lição que minha gata deu para nós, humanos. Mesmo sem falar, mesmo desanimada com a doença, mesmo com dificuldades em tudo, em nenhum momento ela deixou de demonstrar o amor que sentia por nós. Parecia estar agradecida por tudo que fizemos por ela, e nos mostrou que mesmo em seus últimos momentos, quis ficar ao nosso lado.

É injusto e duro demais deixar para que a gente tome a decisão sobre a vida de alguém. Fico pensando, porque será que tudo não foi de uma forma mais natural? O que a minha gata fez para sofrer o tanto que ela sofreu até sua morte? Será que existe uma explicação lógica pra isso tudo? Qual o pecado que cometemos para ter que tomar a difícil decisão de sacrifica-la?

São todas perguntas que eu sei que não tem resposta, mas geram um sentimento de revolta por tudo que eu vi a minha gata passar e a situação que causou dentro da minha casa.

É muito fácil a gente querer achar um culpado pra tudo. Difícil é admitir que as coisas realmente acontecem dessa maneira. No fundo, uma hora vamos cair na real e acabar aceitando que nada poderia ter sido feito.

Termino aqui esse texto, longo, porém impecável sobre o meu sentimento no momento. Não consigo conter minhas lágrimas, é algo realmente mais forte do que eu. A saudade que eu sinto, o aperto que dá ao ver que ela não está mais presente em corpo na casa é mais forte que qualquer impulso racional que minha mente venha demonstrar.

Obrigado por tudo Ticinha, obrigado por ter sido esse animal de estimação maravilhoso que você foi. Obrigado por ter dado valor a sua vida ao nosso lado, mesmo quando tudo estava perdido. EU NUNCA DEIXAREI DE TE AMAR, E SE ESSE TAL CÉU DOS GATINHOS REALMENTE EXISTIR, GUARDE UM LUGAR PRA MIM POR FAVOR, POIS QUERO NOVAMENTE PEGAR VOCÊ NO COLO E TENTAR DEMONSTRAR O QUÃO ESPECIAL VOCÊ FOI PARA NOSSA FAMÍLIA.

Vá em paz...


Frase do dia;

"Perdi minha companheirinha." - Eliana Sturari, minha mãe, chorando, enquanto a Ticinha estava sendo enterrada.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

República Federativa dos Otários!

Boa noite.

Caro blog, eu não te atualizo faz um bom tempo, porém, hoje é um dia muito especial.

Sim querido blog, extremamente especial, e te digo o porque: FAZIA MUITO TEMPO QUE EU NÃO SENTIA UMA VONTADE DE ESCREVER IGUAL EU ESTOU TENDO AGORA, e bem, quando eu sinto essa vontade, fica praticamente incontrolável eu apenas deixar meus pensamentos na cabeça.

Mas porque? Porque essa vontade imensa de escrever? Porque quero tanto deixar minhas ideias guardadas em um diário virtual?

Quando eu escrevo, normalmente é por algo que me marca muito, ou uma situação que me deixa incomodado profundamente.

Então, irei deixar aqui um pequeno desabafo sobre um assunto que vem me deixando com a pulga atrás da orelha...

ELEIÇÕES.

Sim! Um assunto que deveria estar na ponta da língua de cada cidadão brasileiro, afinal de contas, é ou não é algo que a sociedade deveria se preocupar?

Claro que é! Mas olha só, contarei uma historinha muito legal.

Era uma vez, um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Nesse país mora um povo muito acolhedor, simpático, trabalhador e de bem com a vida, mas boa parte da população é composta de ignorantes, analfabetos e miseráveis. Pois bem, acontece que nessa nação, existem eleições de 4 em 4 anos, para escolher presidente, governador, senador, deputados federais e deputados estaduais, e essas eleições são feitas de maneira direta, com voto popular obrigatório, horário político obrigatório, sendo eleitos os candidatos votados pela maioria. Parece correto e democrático, certo?

ERRADO! E irei contar o porque.

Primeiro: como algo que é obrigatório pode ser democrático? Sabia que nesse país eles dizem que você pode exercer a sua cidadania votando, mas que praticamente toda a sua população não conhece a própria constituição?

Pois é blog, eu lhe pergunto: Como alguém pode se considerar um cidadão sendo que não conhece nem a própria constituição do país?

Segundo: Aproveitando que a população é ignorante, os políticos praticamente prometem coisas inconstitucionais mas que agradam e muito ao povo, como por exemplo, fazer com que filhos de políticos estudem apenas em escolas públicas.

Ora meu querido blog, isso é impossível, já que na constituição deixa claro que todas as pessoas tem o direito de escolha e de ir e vir.

Terceiro: O horário eleitoral OBRIGATÓRIO não é justo, pois alguns partidos tem um tempo extremamente maior do que outros na mídia. Sendo assim, partidos menores tem pouquíssimo tempo para chamar a atenção do eleitor, e acabam sendo praticamente obrigados a fazer qualquer tipo de palhaçada para ter alguma divulgação.

E o pior, quando há debates em redes de televisão abertas, onde talvez esses partidos tivessem tempo de explicar as suas propostas, os mesmos não são convidados para participar.

UMA VERGONHA!

Sabe qual o resultado disso tudo, meu querido blog?

O resultado é que as pessoas tratam as eleições como uma grande brincadeira, onde não é importante analisar projetos e ideias, e sim dar risada de pessoas dizendo que "pior que tá não fica", e o pior, essa pessoa ganha votos por isso.

O resultado é que as pessoas elegem políticos corruptos, que cortam verbas para a educação, saúde, transportes, esportes, rodovias, aposentados, segurança e outros serviços de interesse público. Por mais engraçado que pareça, alguns dos eleitos são artistas, ex-jogadores, músicos (inclusive os que batem em mulheres), comediantes, etc.

O resultado é que os políticos, sabendo que o povo é ignorante, podem gastar dinheiro público e roubar sem a menor preocupação, porque é só você colocar em prática políticas populistas, que tapam o sol com uma peneira, deixando assim o povo feliz, e não resolvendo os verdadeiros problemas de estrutura e cidadania. Ou seja, a política do pão e circo, que nesse caso pode ser traduzida como Bolsa-Família e Copa do Mundo (ou Olimpíadas se preferirem).

E o mais importante, o que mantém tudo isso, funcionando do jeitinho que está, é que TODOS os candidatos mais populares tem ideias de governo parecidas ou ultrapassadas, deixando o povo sem escolha e mais desinteressado ainda por política.

Ou seja, uma verdadeira zona, onde quem sempre sai prejudicado são os habitantes desse incrível país.

Mas olha, há sim esperança pra tudo isso mudar.

Há sim, caro blog, esperança e solução.

É algo que está ao alcance de boa parte dessa população, que basta ter apenas iniciativa em querer mudar de verdade a situação em que esse país se encontra.

A solução chama-se INFORMAÇÃO.

Informação custa barato e apenas acrescenta, nem que seja uma cultura inútil.

Informação te previne de cometer erros, gafes e te acrescenta algo fundamental nos dias de hoje: CONHECIMENTO.

Informação você acha em jornais, no rádio, na televisão, na Internet, em livros, em conversas, em qualquer troca de experiências.

Se essa população procurasse estudar, se informar, estar atualizada sobre o assunto e brigar pelos seus direitos, com certeza não estaria acontecendo isso que vemos nessa nação tão maravilhosa.

Aproveitem a informação enquanto podem, pois os políticos querem cada vez mais esconder a verdade do povo. E fazem isso de diversas maneiras, seja deixando a população sem senso crítico, seja censurando a informação, e principalmente NÃO INVESTINDO NA EDUCAÇÃO E NA FORMAÇÃO DE VERDADEIROS CIDADÃOS.

Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.

Frase do dia;

"A política foi primeiro a arte de impedir as pessoas de se intrometerem naquilo que lhes diz respeito. Em época posterior, acrescentaram-lhe a arte de forçar as pessoas a decidir sobre o que não entendem." - PaulValéry - Filósofo, escritor e poeta francês.

sexta-feira, 26 de março de 2010

26/03/2010 - O esforço para chegar ao topo...

Bom dia.

É a primeira vez que eu posto uma notícia de dia, todas as minhas outras postagens eram feitas no horário da noite, mas agora fica um pouco difícil já que a faculdade ocupa praticamente todo esse horário.

Pois é, eu entrei na faculdade.

Tanto tempo que eu não te atualizo né blog? Mal você sabe que eu passei em Jornalismo e que eu estou adorando o curso, mal você sabe que eu comecei a namorar com a Desejo, mal você sabe que minha vida está tendo outra mudança radical, e que eu luto novamente para me adaptar nesse mundo maluco em que estamos.

Bom, como eu disse acima, eu passei na faculdade, melhor dizendo, em uma universidade, UMESP, ou Universidade Metodista de São Paulo, mais conhecida como Metodisney. Eu prestei vestibular no começo de dezembro se eu não me engano, e bem, desde o começo de fevereiro é que eu realmente entrei na vida acadêmica, com trabalhos, estudos, aulas e claro, TROTE!

Sim, eu estou careca, aliás, estava, meu cabelo está crescendo de novo, mas longe de estar igual antes.

Lá na faculdade eu encontrei muita gente legal, eu esperava encontrar pessoas mais velhas do que eu em minha sala, mas por incrível que pareça, eu sou o segundo cara mais velho da turma. É estranho pois, como eu era adiantado no colégio, eu sempre fui o caçula da sala, e me sentir nessa posição de mais velho (com meus 21 anos) é algo novo, não que eu seja um ancião ou algo do tipo, só acho estranho, na família eu sou um dos mais novos, dentre os meus amigos eu sou um dos mais novos, sou mais novo do que minha namorada, só na faculdade mesmo eu sou um dos mais velhos da turma, só não sou mais velho do que um rapaz de 49 anos, muito esforçado, que eu vou classificar como uma figura das mais carismáticas dentro da minha classe.

O meu post é basicamente pra falar sobre ele.

Esse cara tem a idade da minha mãe, é um rapaz casado, trabalha de terça a domingo e assim como ela é uma pessoa vivida, você nota no rosto dele que é uma pessoa que já batalhou muito na vida, percebe-se nos olhos desse cara que ele chega cansado na faculdade, e que ele está lá porque além da admiração que ele tem pelo Jornalismo, sabemos que hoje em dia, sem estudo você não chega a lugar nenhum (salvas excessões para Presidente da República).

De qualquer maneira, ele tem um perfil participativo nas aulas. Ele simplesmente pergunta sobre a maioria das coisas, muitas vezes sobre coisas que podem parecer óbvias e que todos nós sabemos, mas depois que eu tive aula de comunicação, percebi que nem sempre o que é óbvio para nós, é obvio para os outros, então por mais que as vezes eu dê risada de um comentário ou outro feito por ele, no fundo, eu sei que ele fez aquilo porque ele realmente quer aprender, e dou total apoio pra ele.

Por causa desse comportamento, além da idade e do jeito de falar, ele se tornou uma figura única dentro da sala, a ponto das pessoas baterem palmas para o mesmo quando ele chega na aula, muito por brincadeira, mas no fundo eu também tenho admiração. Não é qualquer um que com 49 anos tem o pique que ele tem, não é qualquer pessoa que vai para uma faculdade onde o acesso a internet é fundamental, e mesmo sem internet, continua lá, sem desânimo, lutando contra o cansaço para anotar tudo o que o professor fala, e isso poderia ser motivo de chacota pra muitos, eu brinco, dou risada, fazemos dele um "mito" como os colegas dizem, mas no fundo, eu tenho plena consciência que esse cara é um exemplo.

Ontem quando eu estava indo para a aula, eu o encontrei logo após as catracas, cumprimentei, fiz uma brincadeirinha aqui e acolá, convidei-o novamente para o churrasco, ele disse que infelizmente não poderia comparecer por causa do trabalho, mas tudo bem, haverão outras oportunidades, mas quando nós estávamos perto do prédio onde teríamos aula, ele me disse algo que sendo sincero, foi muito legal de se ouvir:

- Helder, vejo em você um grande jornalista, você é um cara que se expressa bem, você tem raciocínio rápido, você é um cara que escreve bem, continue nisso, você tem futuro, confio em você.

Na hora eu fiquei meio sem graça, não sabia o que responder, não é todo dia que recebemos um elogio sem esperar, foi algo realmente espontâneo, e eu, como na minha melhor característica, respondi sorrindo que espero ter acertado no curso dessa vez, já que eu tinha errado quando escolhi Farmácia, e ele retificou.

- Tenho certeza que você acertou.

Fomos para a aula, ele me deu o seu pen-drive para que eu gravasse as aulas que mandam pela internet, faço isso com o maior prazer, além de não me tomar tempo algum, sei que estou ajudando uma pessoa que merece.

Quando então, na última aula, o professor estava pedindo os trabalhos que ele tinha deixado a sala entregar ontem, um trabalho que tinhamos começado na terça-feira, foi passando de carteira em carteira, e quando chegou na carteira dele, o professor perguntou se ele tinha feito o trabalho, ele respondeu que não, eu não ouvi o que eles disseram, mas eu me lembrei que ele não tinha internet e que pouco deveria ficar no computador de sua casa, e ao mesmo tempo percebi um olhar de decepção, de impotência, porque se ele tivesse meios para fazer o trabalho, tenho certeza que faria, e faria muito bem feito diga-se de passagem.

E então eu fiquei por muito tempo com aquilo na cabeça, lembrei novamente do que ele havia me dito, e então resolvi que hoje cedo eu faria essa postagem, faço isso porque são pessoas como ele que me fazem crescer, são pessoas como ele que eu pego como exemplo, que eu sei que são pessoas vencedoras, que merecem estar ali e merecem muito mais.

Obrigado.

E parabéns, parabéns por correr atrás de um sonho e mostrar que a idade não é desculpa para nada, parabéns por superar todas as dificuldades que você passa e acima de tudo NÃO DESISTA, continue tentando, continue insistindo, porque tenho certeza que assim como eu, você chegará ao topo, e vai estar formado daqui quatro anos.

Frase do dia.

"É o esforço constante e determinado que quebra a resistência, e varre todos os obstáculos" - Claude M. Bristol.

PS: Pode deixar que na segunda-feira, eu vou te entregar a latinha de Skol como você me pediu, pois sei que se pudesse estaria lá conosco.